Entenda quando o uso de internet e smartphones é excessivo.

Vivemos numa época em que a tecnologia parece indispensável e que precisamos estar sempre conectados. Há, entretanto, algumas pessoas que não conseguem controlar o uso das facilidades eletrônicas e digitais, chegando a sofrer perdas em várias áreas da vida, como a saúde, o trabalho, os estudos e os relacionamentos.

Os transtornos relacionados ao uso da tecnologia ainda não constam no DSM, que é um manual da Associação Americana de Psiquiatria, utilizado para classificar e diagnosticar os transtornos mentais. Entretanto, em sua mais recente edição, incluiu o comportamento compulsivo de jogar on-line como uma condição que requer maior pesquisa. Além disso, a literatura científica tem apresentado o conceito de dependência de tecnologia da informação, sugerindo que há sintomas comuns no uso excessivo das diversas interfaces tecnológicas que vão desde os jogos, passando pelos microcomputadores, internet, redes sociais e smartphones.

Alguns sintomas sugerem essa dependência, como explicam o pesquisador Zang e seus colaboradores (2014). De um modo geral, há um prejuízo em alguma área da vida do indivíduo que não consegue interromper o uso por escolha própria ou começa a experimentar consequências negativas decorrentes desse comportamento.

Um exemplo é a dependência que algumas pessoas desenvolvem em relação às redes sociais, como explicam o psiquiatra Felipe Picon e outros pesquisadores (2015). Geralmente, a pessoa tenta evitar emoções negativas ao conferir constantemente se chegaram novas mensagens do Whatsapp, quantas “curtidas” recebeu no Facebook ou no Instagram. O fato é que esses aplicativos propiciam uma dependência porque estimulam o indivíduo a verificar constantemente o que ocorre em seu perfil virtual.

De forma semelhante, acontece com a dependência de smartphone, também chamada de nomofobia. O termo é derivado da expressão em inglês no mobile phobia, que significa medo de ficar sem o dispositivo móvel de comunicação. É o que acontece com a pessoa que esquece o celular em casa ou que é solicitada a guardá-lo antes de entrar em uma reunião e, como consequência, ela fica desconfortável, ansiosa, irritada, imaginando que vai perder algum contato ou informação importante.

Outro aspecto importante é que os tipos de dependência descritos também podem resultar em acidentes. Um exemplo ocorre quando o indivíduo usa o smartphone ao dirigir um automóvel, mesmo sabendo que a prática é proibida. Isso pode aumentar em 400% o risco de acidente, como concluiu o Departamento de Trânsito dos Estados Unidos. Há um alerta também para o pedestre porque as chances de ser atropelado aumentam em 80% se ele estiver manuseando o smartphone, de acordo com dados do Departamento Estadual de Trânsito do Paraná.

O uso da internet, das redes sociais e dos smartphones não é prejudicial em si, mas precisamos avaliar a duração e a frequência com as quais nos dedicamos a eles. Além disso, devemos observar como nos sentimos quando o seu acesso é impossibilitado. A verificação constante do perfil virtual com a tentativa de diminuir a ansiedade ou a frustração aumenta a possibilidade de desenvolver uma relação de dependência com a tecnologia. Desta forma, o risco advém de uma relação em que predomina a fuga das emoções negativas, em vez do prazer decorrente de adquirir novas informações ou estabelecer contatos sociais. Greenfield (2011) explica que é a nossa capacidade de reconhecer os impactos dos dispositivos tecnológicos em nossas vidas que nos permitirá lidar com eles de uma forma positiva e consciente.

Ao ler este texto, como você percebe o uso que faz dos smartphones e das redes sociais? Se achar que precisa de mais informações sobre o assunto, acesse os sites http://www.dependenciadeinternet.com.br/ e http://tab.uol.com.br/inteligencia-social/.

Entre em contato

Você, que é servidor do Superior Tribunal de Justiça, pode buscar ajuda da Seção de Assistência Psicossocial (SEAPS). Mande um e-mail para saude.mental@stj.jus.br e entraremos em contato com você.

Fontes

Greenfield, D. N. (2011). As propriedades de dependência do uso de internet. Dependência de internet: Manual e guia de avaliação e tratamento, 169-190.

Picon F, Karam R, Breda V, Restano A, Silveira A, Spritzer D. (2015) Precisamos falar sobre tecnologia: caracterizando clinicamente os subtipos de dependência de tecnologia. Revista Brasileira de Psicoterapia. 17(2):44-60

Zhang, K. Z., Chen, C., & Lee, M. K. (2014). Understanding the role of motives in smartphone addiction. Em PACIS (p. 131).

http://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2015/03/18/celular-ao-volante-aumenta-em-400-risco-de-acidente-diz-especialista.htm

http://noticias.r7.com/transito/radar-nacional/pedestre-ao-celular-tem-80-mais-chances-de-ser-atropelado-24052016

Texto: Seção de Assistência Psicossocial (SEAPS/SIS/STJ)
Colaboradores: Juliana Bernardes de Faria (SEADI/STJ) e Catarina Nogueira França Rêgo (Revisão)
Responsável pelo projeto: Camilla Ferreira de Lima (SEADI STJ)
Arte: Gabryel Antônio de Oliveira/SEADI STJ (design gráfico) e Camilla Ferreira de Lima/SEADI STJ (web)
Ícones: FreePik/Vecteezy

Licença Creative Commons

Janelas do Conhecimento STJ da Seção de Educação a Distância (SEADI/STJ) está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.